Cronologia

Ano de 1958

Acontecimentos no Porto

Janeiro de 1958
Na 1ª quinzena do mês um grupo de antigos candidatos a deputados do Porto, encarrega o arquitecto Artur Andrade de contactar o general Humberto Delgado, iniciando-se, assim, a preparação concreta da campanha. Patenteando a divisão da oposição, quanto ao perfil do candidato à chefia do Estado, decorre também, no Porto, um comício de apoio a Cunha Leal, que neste momento tenciona propor a sua candidatura.

16 de Janeiro de 1958
Cerca de 300 trabalhadores dos STCP concentram-se no Sindicato e elegem uma comissão para lutar por aumento de salário.

30 de Janeiro de 1958
No Porto, realiza-se um jantar republicano onde participam os ex-candidatos independentes das eleições para a Assembleia Nacional de 1957. Aí se salienta a importância de um candidato à Presidência que vá até às urnas, não desistindo no último momento.

31 de Janeiro de 1958
O aniversário do movimento do 31 de Janeiro é assinalado com 3.000 pessoas a participam, no Porto, numa sessão comemorativa.

12 de Fevereiro de 1958
Fundação da "Cruzada de Bem-fazer da Vitória", com objectivos de caridade.

Maio de 1958
Começam as greves políticas, que mobilizarão mais de 50.000 trabalhadores.

14 de Maio de 1958
Humberto Delgado visita o Porto e é entusiasticamente recebido, por 200.000 pessoas. A publicação de fotografias desse comício nos jornais foi proibida. Nos dias seguintes registam-se novas manifestações na região do Porto e confrontos com as forças repressivas.

Junho de 1958
5.000 pescadores de Matosinhos entram em greve e concentram-se durante vários dias, exigindo a redução do preço do gasóleo. 200 conserveiros da Fábrica Unitas entram em greve e conseguem a adesão dos operários da Fábrica Gargalo, da Fabrica Bordalo e da Fábrica Garantia, com os quais promovem uma manifestação que se dirige a Matosinhos, reclamando de salário e em protesto à burla eleitoral. Os operários da Fábrica Valfar, em Vila do Conde, paralisam o trabalho em sinal de regozijo, porque consta que Salazar foi demitido.

16 de Junho de 1958
A Direcção Regional do Norte do PCP apela à greve.

21 de Junho de 1958
O Ministério do Interior divulga uma nota sobre "(...) as tentativas de paralisação de trabalho(...)" em alguns pontos do País, nomeadamente Almada, Vila Franca de Xira e pescadores de Matosinhos.

23 de Junho de 1958
Milhares de operários da Empresa Fabril do Norte, da EFACEC e da Fábrica Marinhos, na Senhora da Hora, concelho de Matosinhos, fazem greve e manifestam-se na rua, em protesto à burla eleitoral e às prisões de democratas que participaram na campanha eleitoral.

13 de Julho de 1958
Carta do Bispo do Porto criticando o regime salazarista, que acaba por provocar o seu exílio para o estrangeiro.

14 de Julho de 1958
Os operários do turno da manhã, da Fábrica Valfor, em Vila do Conde, concentram-se à porta da Fábrica e negam-se a pegar ao trabalho, reclamando aumento de salário.

5 de Outubro de 1958
Cerca de 300 pessoas participam na romagem ao cemitério do prado do Repouso. Pouco depois, milhares de pessoas concentram-se junto da residência do Bispo.

Novembro de 1958
Os operários têxteis do Porto elaboram uma exposição para a qual recolhem 700 assinaturas protestando contra o aumento das quotas do sindicato.

18 de Dezembro de 1958
Greve dos portuários de Leixões e Póvoa de Varzim. Os trabalhadores reivindicam e alcançam 30% de aumento de salário. As leiteiras do Porto enviam ao Secretário da Agricultura uma exposição de protesto, contra a constituição de um monopólio de distribuição do leite na cidade.

1958
"Greves no Couço, Afurada e Murtosa. Construção do Bairro António Aroso, com 226 casas; do Bairro da Vilarinha, com 202 casas; do Bairro do Amial, 2ª fase, com 94 casas; do Bairro do Outeiro, com 235 fogos; e do Bairro Agra do Amial, com 181 fogos. Inauguração do Hospital de São João. Visita da rainha Isabel II de Inglaterra.."

Outros acontecimentos nacionais

18 de Março de 1958
O Directório Democrático Social entrega ao Presidente do Conselho um documento relacionado com as eleições presidenciais em Junho, reclamando condições para a sua realização.

18 de Abril de 1958
É divulgada publicamente a decisão de Francisco Cunha Leal não se candidatar à Presidência da República, alegando motivo de doença.

19 de Abril de 1958
A candidatura de Humberto Delgado é oficialmente registada no Supremo Tribunal de Justiça.

20 de Abril de 1958
É apresentada publicamente a candidatura de Arlindo Vicente à Presidência da República.

27 de Abril de 1958
A União Nacional assinala a passagem dos 30 anos de Oliveira Salazar, organizando manifestações de apoio.

1 de Maio de 1958
A Comissão Central da União Nacional decide rejeitar a reeleição de Craveiro Lopes e propor a candidatura de Américo Tomás.

3 de Maio de 1958
Arlindo Vicente entrega ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) o processo da sua candidatura.

10 de Maio de 1958
Em conferência de imprensa no Café Chave de Ouro, Humberto Delgado afirma que se for eleito, obviamente demito-o, referindo-se a Salazar. O processo de candidatura de Américo Tomás é entregue no STJ.

16 de Maio de 1958
Humberto Delgado regressa do Porto e em Santa Apolónia é alvo de uma manifestação que é reprimida pela Polícia, forçando o candidato a alterar o itinerário previsto.

18 de Maio de 1958
Comício de Humberto Delgado no liceu Camões, em Lisboa, rodeado de fortes medidas de segurança por parte das autoridades.

29 de Maio de 1958
Comício de Humberto Delgado em Almada culmina com o "Pacto de Almada" ou "Pacto de Cacilhas", segundo o qual Arlindo Vicente desiste em favor de Humberto Delgado.

Junho de 1958
O candidato de União Nacional é proclamado presidente da República. Greve dos operários da construção civil. Após as eleições, Humberto Delgado tenta implementar um movimento político que prosseguisse a acção política desenvolvida durante a campanha. É criado o Movimento Nacional Independente, sendo a sua política baseada na proclamação que Humberto Delgado dirigiu ao país no início da campanha eleitoral para as presidenciais.

8 de Junho de 1958
Eleições para a Presidência da República, com a vitória do candidato do regime, Américo de Deus Tomáz.

12 de Junho de 1958
Iniciam-se greves, algumas delas espontâneas, em várias empresas da zona de Lisboa e Margem Sul, como protesto contra os resultados eleitorais. Alargar-se-ão a vários pontos do país.

13 de Junho de 1958
A imprensa divulga os resultados oficias da eleição do dia 8, que atribuem 76% dos votos ao candidato da UN e cerca de 23% a Humberto Delgado

18 de Junho de 1958
A Comissão Política do PCP apela à greve.

25 de Junho de 1958
A Direcção política do PCP apela à greve e lança a Jornada Nacional de Protesto para os dias 1, 2, e 3 de Julho, que se traduzirá por um fracasso. Esta consiste no uso de gravata preta, na recusa da aquisição de jornais e lotarias, da frequência de espectáculos públicos e da utilização dos transportes públicos.

1 de Julho de 1958
Inicia-se uma jornada nacional de protesto contra a "burla das eleições presidenciais".

Agosto de 1958
Os jornais anunciam a "morte súbita" de Raúl Alves, que se encontrava nos calabouços da PIDE. Greves de protesto contra a fraude eleitoral.

21 de Agosto de 1958
O governo divulga o II Plano de Fomento (1959/64).

30 de Setembro de 1958
Em nota oficiosa do Ministério do Interior, são proibidas as manifestações que elementos da Oposição pretendiam efectuar e são restringidas a Lisboa as cerimónias comemorativas da implantação da República.

5 de Outubro de 1958
Na comemoração do aniversário da implantação da República, a Polícia reprime a concentração de elementos da Oposição junto à estátua de António José de Almeida, usando gás lacrimogéneo.

11 de Novembro de 1958
Em nota oficiosa, o Governo informa que recusara a autorização para a vinda a Portugal do político inglês Aneurin Bevan, membro da ala esquerda do Partido Trabalhista. Este fora convidado por meios da Oposição (Jaime Cortesão, Cunha Leal, Quintão Meireles), para proferir uma conferência.

22 de Novembro de 1958
"A PIDE prende Jaime Cortesão, António Sérgio, Azevedo Gomes e Vieira da Almeida, por distribuição de documentos subversivos""."

18 de Dezembro de 1958
Volta a fracassar uma conspiração urdida por Humberto Delgado para derrubar o Governo. O mesmo acontecera em 2 Junho.

1958
Numa carta aberta, 40 cristãos pedem que se faça um inquérito sobre as actividades da PIDE. Criação das Juntas de Libertação Nacional.



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